quarta-feira, 30 de julho de 2014

Uma prece

"A presença do amigo que, aparentemente,  afastou - se pode tornar-se mais densa que uma presença real. É a da prece." Antoine de Saint-Exupéry

quinta-feira, 24 de março de 2011

Minha máxima culpa

Sou ré confessa de todas as acusações que me fazem.


Não as descabidas de que outros me acusam,

mas culpas que tudo dentro de mim grita,

mostrando a mim todos os meus crimes.

Aceito as acusações descabidas só como forma de reparar

ou me punir pelos crimes verdadeiros.



Sou culpada de todo caos interior,

de toda desordem no meu universo.

Culpada por tão facilmente reparar

nos detalhes mais inusitados e menos notados.



E, por reparar nessas minúcias,

é que acabo me deixando levar.

Levo-me muito mais longe que

as sementes de dentes-de-leão durante a ventania.



E é nessas idas a lugares distantes

que facilmente encontro um encantamento

que é quase uma tortura de tanto que me consome.

Consome longas horas do meu dia,

todas as horas da minha noite.



E se não encontro alguém bem atento

para me roubar o pensamento

é certo que tão logo não volto à realidade

e que, por isso mesmo, a realidade me será indiferente.



Podem acontecer terremotos, furacões e explosões

na minha frente que nada será notável.

E se aceno a um amigo, ou alguém que comigo fala,

é para disfarçar que não sei absolutamente nada ao redor,

porque é ainda mais certo que estou pensando

em algo tão mais distante que qualquer estrela.



Distante pela frieza, pela indiferença, pelo destino.

E mais distante ainda por causar dentro de mim

um encantamento tão real

que nada mais dentro de mim

corresponde ao que fora me pede atenção.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Pra não dizer que me calei demais

(...) e o que me deixa mais chateada hoje não é tudo que vem acontecendo, é estar diante de tudo isso e não pode expressar seque uma palavra com toda a verdade do que sinto. Sim, porque dizer o que sinto me causa ainda mais mágoa. As pessoas não estavam prontas para me ouvir e tudo que eu dizia implicava em uma resposta que me dilacerava ainda mais.


Depois de tudo eu optei pelo silêncio, um silêncio tão condicionado que dizia mais do que qualquer palavra. Falava sim, mas não o que eu realmente queria dizer, isso ficava calado, mudo, mas gritando dentro de mim.

E, com todo esse silêncio, tornei-me uma pessoa tão sensível ou acessível às verdades alheias. Ouvi bastante: que eu estava seca, que não deixava os outros se aproximarem, que eu estava de várias formas distante. Também, pudera, eu não me queria perto de nada, de ninguém que eu não tivesse convidado. E, de fato, eu não havia convidado ninguém para fazer parte da minha ausência.

Dos outros, eu não esperava nada. De mim, eu esperava tudo. Vivia um instante só meu, de quem cansou de tentar falar, tentar ouvir... Eu apenas existia. Eu apenas insistia. Não porque eu queria desistir de algo, mas porque eu queria me poupar de muito, o muito que poucos conseguiam entender.

Eu transbordava em mim algo que já não eram lágrimas, nem dor... Era um sentimento novo: era um transbordamento de vazio. Onde não fazia sentido eu querer e tentar explicar a alguém. Eu só tentava olhar para dentro de mim. De tanto desgaste, às vezes, precisamos de um repouso interior.

O problema todo estava no fato do desapego excessivo. Eu sabia que me afastar e, principalmente, calar resultaria em consequências não tão favoráveis ou não tão conhecidas: eu não iria querer voltar. E não voltar implicaria em começar tudo de novo, com pessoas novas. Não que isso fosse ruim, apenas eu saberia que as marcas, as últimas impressões que deixei não eram as melhores.

Mas nem isso me importava mais. Talvez fosse melhor assim. Melhor para quem? Acho que para mim, porque assim seria mais fácil. Assim eu saberia que chegaria ao esquecimento dos outros também. E era essa a intenção. Ser melhor para mim, por mais egoísta que pareça, era a única coisa que me importava.

segunda-feira, 15 de março de 2010

(Meu) Amor de gratidão.

Eu te agradeço por cada palavra, cada gesto e cada respiração (provocada por você, ou esquecida pela sua presença). Agradeço por ser um apoio e por não deixar eu me arrepender de tudo que sinto por você. Agradeço pelo simples fato de você existir e estar presente em cada hora do meu dia. Agradeço por iluminar meu dia e me encher de coragem.

Agradeço pelas coisas mais estranhas que eu já fiz, por você, sem você saber, e até sem que eu soubesse que era por você. Agradeço pelo gosto diferente na boca, por aprender a gostar e por provar coisas que nunca fariam parte das minhas escolhas. Agradeço porque agora até a memória tem gosto: o gosto bom de lembrar de você.

Agradeço por, mesmo quando as minhas sinapses falham e meu processo cognitivo é ineficaz, você é sempre algo completo no meu pensamento. Algo que nunca falha à memória. Agradeço por me mostrar um mundo de possibilidades e me mostrar que não preciso ser super-heroína de ninguém, posso ser apenas eu mesma e me permitir errar.

Agradeço pela saudade boa que você traz. Agradeço pela força que me impulsiona e me proporciona novos rumos. Agradeço por me fazer viver outra vez e perceber novas possibilidades. Por tornar até a dor bonita. Por me fazer acreditar em todo bem que há em volta e em quanto é bom viver.

Agradeço por você e por ser você hoje. Agradeço por tudo de bom que vem ao pensamento só em pensar no seu nome. E em todas as emoções sentidas quando você aparece, em todas as ausências de sentidos causadas pela simples presença sua.

E a você... só tenho a agradecer!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

O coração começa a bater compulsivamente, falta espaço dentro do peito e ele não se conforma com isso. Começa a sufocar os sentimentos, reprimir as emoções. Mas isso não é o suficiente e, então, tudo vem à tona: várias imagens, cenas, músicas... São todos atos de uma mesma peça. E tudo está ali, gravado na memória, como um álbum de recordações.


Começa-se a recorda cada momento. E embaixo das fotos vêm as legendas como “hoje faz sol, porque ele brilha dentro de mim”. Parece só mais um clichê, mas fazia sentido. Era tão verdadeiro. Era um clipe da música preferida. Um ‘trailer’ de uma comédia romântica. Comédia sim, porque eram divertidos os dias. Os sonhos, as histórias.

Este é um álbum de recordação feito a mão. Pensado e sentido em cada detalhe. Cada confecção, cada brilho, cada magia. E em cada foto um significado, uma forma de gravar um sentimento que chamavam de amor.

Perfeito, em essência e substancialmente. Era um amor feito de verbos e não apenas de substantivos e adjetivos. Um amor feito de ações e demonstrações. Um amor concreto e abstratamente belo. Era mais que uma obra de arte, era surrealmente linda. Era um sonho. Uma poesia feita em prosa. Uma prosa feita em versos. Um best-seller.

Mas só um detalhe passou despercebido: álbuns de recordações só guardam fotos de bons momentos. Ninguém tira foto daquela briga, a mais séria, a que quase custou o fim do namoro, e escreve a baixo: o dia em que eu realmente descobri que te amava.

Álbum de recordações contém fotos dos momentos bonitos, aqueles momentos que se querem recordar sempre. Ninguém costuma gostar de relembrar o dia em que ele te falou coisas dolorosas, mostrou todos os seus defeitos e até chegou a dizer que não te amava mais. O dia em que ele te fez chorar e machucou profundamente seu coração.

Mas são exatamente esses dias que definem se é amor e que pode suportar tudo, ou se é só uma pequena chama, incapaz de suportar a uma leve brisa. São esses dias que mostram a verdade das juras de amor, a força em meio às fragilidades. São esses dias que mereciam serem registrados, porque são eles que provam o amor e o mostra verdadeiro.

E foram esses dias que vieram à memória dela. Que a fizeram ver o quanto ela o amava e o quanto ele a amava. Esses dias que estavam no álbum de recordações dela. Ela guardava todos os momentos felizes na memória, mas eles estavam registrados em um álbum real. Agora os momentos difíceis, eram os que a faziam rir agora, porque eram tantos eventos que podiam significar um fim, mas só mostravam uma continuidade e uma força.

E nessas recordações difíceis é que ela trazia o conforto para a dor que sentia naquele exato momento. Foram tantas crises superadas, tantas situações dolorosas. Mas nada fazia aquele amor terminar. Então, não seria agora que esse ‘amor eterno’ acabaria. Ela se sentiu tão consolada agora. Deu então o mais forte suspiro, derramou sua última lágrima e pode, então, continuar a sua história.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Só por um dia

Eu queria viver um amor de um só dia. Um amor sem compromisso de um amanhã. Sei que isso pode não chegar nem perto de ser um amor de verdade, mas ao menos uma vez eu queria poder viver um “amor” assim sem me sentir culpada.


Queria a sensação de estar com aquela pessoa e aproveitar cada segunda e milésimo de segundo por saber que aquele será o único dia daquele amor. Queria um amor que não me fizesse chorar e nem sofrer por ele, não por não aceitar viver por alguém, mas porque esse amor de um dia só deve ser aproveitado em toda a sua intensidade, não deixando espaço para a dor.

Um amor assim, simples, sem complicações do dia-a-dia, porque ele só dura 24h, um amor que provavelmente deixaria saudades, mas sem dor nenhuma, porque ele seria quase uma fantasia.

Sei que esse não seria o amor mais puro, sonhado, verdadeiro e, tampouco, um amor de verdade. Mas é essa sensação de alegria que eu queria poder viver, por um dia. E eu queria que esse dia fosse hoje e que o amado fosse você.

Só por um dia eu queria não ter que resistir a você, um dia apenas e nada mais, mas um dia simples assim. Só eu e você, por um dia. Sem dever satisfações a ninguém no dia seguinte. Sem ter que me preocupar em ferir ninguém. Sem nada. Um amor sem dia seguinte, só por um dia.

ELE

Eu nunca consegui disfarçar muito bem os meus sentimentos, nunca soube fingir desinteresse ou dissimilar certo gostar só para conseguir algo de alguém. E é essa transparência de sentimentos e emoções que torna a vida mais complicada.


ELE apareceu na minha história faz tanto tempo e eu não nem o menor valor... ELE era uma pessoa ótima e super divertida - devo admitir que carisma ELE tinha, até de mais. ELE podia ter qualquer pessoa aos pés DELE, aliás, todas elas queriam estar com ELE, mas eu não.

Eu gostava de outra pessoa, era perdidamente, inteiramente, simplesmente apaixonada por esse outro alguém. Por esse alguém eu daria a minha vida – confesso que até hoje seria capaz disso- e não tinha olhos e nem coração para amar intensamente mais ninguém. Passei tanto tempo com esse outro alguém – ao menos o meu coração estava lá, ainda que ele não.

E depois, tentei me desprender do outro alguém, arrisquei sempre nas pessoas erradas, sempre acabei sofrendo mais. Mas nunca pensei naquele que ELE, não tão freqüentemente. Eu queria algo sério e nunca imaginei ELE comigo, éramos o oposto, mas um oposto que nunca se atrairia.

Até que nos aproximamos mais e mais, como amigos a princípio. ELE parecia cada vez mais perfeitinho, como podia ser tão fofo, lindo e “jeitoso” – comentário indiscreto: ELE tem pegada, um excelente abraço e atitude. Mas o que me admirava é que eu o estava amando cada vez mais, sempre como amigo, mas amando de verdade, a ponto de não conseguir ver mais a minha vida longe DELE.

Eu gostava DELE, queria vê-lo bem todos os dias, não gostava quando o faziam mal e gostava muito de conversar com ELE. É claro que não chegávamos nem perto de sermos, se quer, melhores amigos, mas nada disso importava. A brincadeira foi ficando mais séria, ai eu virei a “namorada-postiça”, aquela que estava ali para o que ELE precisasse, conversar, dar conselho, ouvir, pagar um sorvete, sair pra arejar, qualquer coisa...

E essa brincadeira de namorada ficou séria demais para mim e eu sabia disso, nunca dá certo brincar assim, nunca dá certo brincar com sentimentos porque alguém sempre se machuca e eu temia que fosse eu...

Eu estava gostando de outra pessoa, encantada por ele, o meu Best friend, mas o Best estava viajando. Eu sentia saudades dele todos os dias e a coincidência é que o Best e ELE tinham o mesmo nome. O meu Best estava nos meus pensamentos todos os dias – e ainda está, ele é único para mim, guardo um carinho que não sei descrever, mas ele também nem sabia que eu existia.

ELE era o garoto que uma amiga gostava, o ex de outra, ou seja, proibido para mim por vários motivos, mas mesmo assim, nós éramos namorados de mentirinha. Mas, de tanto dizer que gostava DELE, acabei acreditando. Não era a mesma coisa que eu senti pelo ex, nem o que eu sento pelo Best, mas era uma mistura de “vontade de estar com ELE” com um carinho enorme, uma vontade de não querer sair de perto. Eu ainda gosto do Best e é o que me motiva a não arriscar nada com ELE, eu acredito que vale a pena esperar pelo Best, mas eu queria que ELE fosse meu “amor” de um dia.

Meu Best está na maior parte dos meus pensamentos, por vezes até quando estou com ELE, mas ele me rouba muitos pensamentos e eu doaria todo meu tempo para ELE. Eu desejo mais que tudo que o Best volte para que eu recupere a sanidade e a atenção. Torço para que a minha amiga volte logo para que eles se acertem e eu deixe de me iludir. Mas às vezes penso que gostaria de tê-lo conhecido em outra época, em outro lugar, em outras circunstâncias... Qualquer coisa que me livrasse da culpa de querer estar com ELE e de querer aquilo que não posso e não devo ter.

Mas a culpa também é DELE, por ser tão especial e por me provocar tanto. Que garota pode resistir a um menino como ELE? E eu que sempre achei tudo isso improvável e meio bobo, agora entendo o porquê de todas as garotas quererem estar com ELE e porque é tão fácil para ELE ter todas elas a seus pés, ELE sabe conquistar e eu não quero ser só mais uma. Melhor mesmo é recuperar logo a sanidade, a maturidade e o bom senso. DELE é melhor ter só a amizade...