terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

O coração começa a bater compulsivamente, falta espaço dentro do peito e ele não se conforma com isso. Começa a sufocar os sentimentos, reprimir as emoções. Mas isso não é o suficiente e, então, tudo vem à tona: várias imagens, cenas, músicas... São todos atos de uma mesma peça. E tudo está ali, gravado na memória, como um álbum de recordações.


Começa-se a recorda cada momento. E embaixo das fotos vêm as legendas como “hoje faz sol, porque ele brilha dentro de mim”. Parece só mais um clichê, mas fazia sentido. Era tão verdadeiro. Era um clipe da música preferida. Um ‘trailer’ de uma comédia romântica. Comédia sim, porque eram divertidos os dias. Os sonhos, as histórias.

Este é um álbum de recordação feito a mão. Pensado e sentido em cada detalhe. Cada confecção, cada brilho, cada magia. E em cada foto um significado, uma forma de gravar um sentimento que chamavam de amor.

Perfeito, em essência e substancialmente. Era um amor feito de verbos e não apenas de substantivos e adjetivos. Um amor feito de ações e demonstrações. Um amor concreto e abstratamente belo. Era mais que uma obra de arte, era surrealmente linda. Era um sonho. Uma poesia feita em prosa. Uma prosa feita em versos. Um best-seller.

Mas só um detalhe passou despercebido: álbuns de recordações só guardam fotos de bons momentos. Ninguém tira foto daquela briga, a mais séria, a que quase custou o fim do namoro, e escreve a baixo: o dia em que eu realmente descobri que te amava.

Álbum de recordações contém fotos dos momentos bonitos, aqueles momentos que se querem recordar sempre. Ninguém costuma gostar de relembrar o dia em que ele te falou coisas dolorosas, mostrou todos os seus defeitos e até chegou a dizer que não te amava mais. O dia em que ele te fez chorar e machucou profundamente seu coração.

Mas são exatamente esses dias que definem se é amor e que pode suportar tudo, ou se é só uma pequena chama, incapaz de suportar a uma leve brisa. São esses dias que mostram a verdade das juras de amor, a força em meio às fragilidades. São esses dias que mereciam serem registrados, porque são eles que provam o amor e o mostra verdadeiro.

E foram esses dias que vieram à memória dela. Que a fizeram ver o quanto ela o amava e o quanto ele a amava. Esses dias que estavam no álbum de recordações dela. Ela guardava todos os momentos felizes na memória, mas eles estavam registrados em um álbum real. Agora os momentos difíceis, eram os que a faziam rir agora, porque eram tantos eventos que podiam significar um fim, mas só mostravam uma continuidade e uma força.

E nessas recordações difíceis é que ela trazia o conforto para a dor que sentia naquele exato momento. Foram tantas crises superadas, tantas situações dolorosas. Mas nada fazia aquele amor terminar. Então, não seria agora que esse ‘amor eterno’ acabaria. Ela se sentiu tão consolada agora. Deu então o mais forte suspiro, derramou sua última lágrima e pode, então, continuar a sua história.